junho 30, 2012

Câncer - Tratamento Psico-Oncologia

Postado por Jesarela de Carvalho às sábado, junho 30, 2012 0 comentários
Uma doença multifatorial ou multicausal requer uma abordagem interdisciplinar. Será preciso que os olhares das diversas áreas de saber se somem e se componham para que todos os aspectos presentes no adoecer possam ser resgatados e cuidados com vistas ao tratamento e à cura.

A Psico-Oncologia identifica cada um dos componentes da doença e dispõe, em seu arsenal teórico e técnico, de meios para o manejo de cada um deles e de todo o conjunto.

A interdependência dos fatores biológicos, sociais, psicológicos e espirituais faz necessárias intervenções em cada uma das dimensões envolvidas. Não se pode tratar apenas de um órgão, porque quem está doente é um indivíduo, uma pessoa.

E esta pessoa mantém conexões internas e externas e inserções de diversas ordens. Internamente, enfrenta conflitos entre suas instâncias racionais e afetivas, debatendo-se frequentemente, entre entendimentos, desejos e medos. Com o mundo externo, enfrenta inúmeras interações familiares, profissionais, com a comunidade à qual pertence e assim por diante. E, em certa medida, cada um desses elementos se apresenta, em algum momento, como determinado ou determinante em todo o processo de tratamento e cura.
  
A mobilização e participação de todos os recursos são imprescindíveis ao sucesso das propostas terapêuticas. Serão necessários não só o envolvimento do indivíduo inteiro como o do seu contexto, da mais completa forma possível. Um tratamento só tem possibilidades de sucesso, se contar com a plena adesão de quem é tratado.

A Psico-Oncologia aprofundou e refinou técnicas de potencialização dos efeitos dos tratamentos médicos, capacitando cada doente a utilizar seus recursos mentais de maneira focal, para reforçar os efeitos dos medicamentos que recebe. Desenvolveu também recursos de apoio aos cuidadores, profissionais ou não, para que atuem como co-participantes de todo o tratamento, ao mesmo tempo em que lhes proporciona estratégias de auto cuidado e fortalecimento, visando também a manutenção de sua própria saúde física e mental.

Os múltiplos recursos que mencionamos, além de uma infinidade de outros, se concretizam em grupos informativos para pacientes e familiares, na aplicação de técnicas de redução da dor e de efeitos colaterais indesejáveis de alguns tratamentos, no manejo da ansiedade dos cuidadores – familiares ou não – que, ao se depararem com as necessidades dos pacientes, tornam-se por vezes, eles mesmos, vulneráveis e frágeis, deixando de cumprir o papel que lhes cabe.

Naquelas situações em que a perspectiva de cura se torna menos viável, profissionais que conhecem os recursos da Psico-Oncologia, têm muito a fazer.

Necessidades do paciente, freqüentemente desconsideradas ou pouco identificadas, são atendidas de modo a preservar a qualidade de vida enquanto esta existir.
  
Qualquer elemento da equipe interdisciplinar, devidamente preparado, estará apto a reconhecer e a encaminhar para atendimento especializado as manifestações de sofrimento físico, moral, social ou espiritual do paciente oncológico. E não se limitam às necessidades do paciente. Sua visão sistêmica de um processo que não é vivido de maneira isolada os faz conhecedores dos indicativos de luto complicado, por exemplo. Nesse caso, profissionais treinados atuam no sentido de promover os recursos do luto antecipatório a familiares, uma condição em que são trabalhados de forma preventiva os sintomas já instalados e identificados.

Todo esse aparato técnico, ao qual se somam os recursos da Psicoterapia Breve, os subsídios à melhor relação médico-paciente e intervenções originadas da arte-terapia, hipnose e psico-educação -dentre outras-, está respaldado em numerosas pesquisas clínicas. Estas, aumentando a compreensão dos fatores psíquicos associados à instalação da doença, desenvolvimento e resultados dos tratamentos e eficácia das técnicas de intervenção, orientam constantemente o processo de construção contínua da Psico-Oncologia.

Evidências são testadas e investigadas até que se disponha de comprovação suficiente dos resultados dos procedimentos utilizados. O controle não farmacológico da dor, pela utilização de técnicas de relaxamento, imagética e hipnose, é um exemplo de recursos que se mostram efetivos em diversas situações de difícil manejo. Outra evidência é a de que a prestação de informações coerentes, claras e adequadas ao paciente está diretamente relacionada às melhores condições de recuperação e à redução dos comportamentos ansiosos.

junho 15, 2012

Aumento de células do câncer pode ser contido

Postado por Jesarela de Carvalho às sexta-feira, junho 15, 2012 0 comentários
Cientistas fizeram cópias de parte da proteína Notch e bloquearam sua função reprodutora. Depois, injetaram o material em ratos com leucemia e as células cancerosas pararam de se multiplicar.

Cientistas americanos anunciaram uma descoberta promissora no combate à leucemia e a outros tipos de câncer. A reportagem é do correspondente Rodrigo Bocardi.

Os cientistas imaginaram a fisiologia humana como um teatro de marionetes: em que os órgãos se movimentam e as células se desenvolvem porque alguma coisa puxa a corda. Com esta ideia em mente, o grupo de pesquisadores de Boston, no estado americano de Massachussetts, tentou encontrar uma forma de parar a evolução do câncer e descobriu uma maneira de desarmar uma proteína no organismo que controla o desenvolvimento das células.

A proteína em questão é a Notch. Em laboratório, os cientistas fizeram cópias de parte dela e bloquearam a função reprodutora da proteína. Em seguida, injetaram o material de volta no sangue de ratos com leucemia e as células cancerosas pararam de se multiplicar.

Os testes ainda não foram feitos em humanos e isso deve acontecer em dois anos. Mas os pesquisadores adiantam que a nova técnica deve funcionar também no controle de câncer de pulmão, ovário, pâncreas e intestino.

Os cientistas dizem que vão tentar fazer o mesmo processo com mais proteínas que ajudam as células a se desenvolverem e, com isso, atacar outras doenças. Mas acrescentam que a descoberta de agora já serve como mais um passo para os laboratórios que buscam encontrar um medicamento capaz de combater o câncer, essa doença tão complexa e desafiadora.



junho 11, 2012

Leucemia: Glossário

Postado por Jesarela de Carvalho às segunda-feira, junho 11, 2012 0 comentários
Para melhor compreensão das informações contidas no site, abaixo encontra-se definições e significados de palavras e termos mais utilizados.


Adenomegalia: aumento dos linfonodos, íngua.  

Aférese: procedimento semelhante à hemodiálise no qual se separa os elementos desejados do sangue, filtra-se o sangue com ajuda de uma máquina.  

Alopecia: queda generalizada dos pêlos e cabelos.  

Ambulatório: local onde é feito o atendimento de pacientes externos(que não estão internados).  

Anemia: diminuição dos glóbulos vermelhos e/ou taxa de hemoglobina, detectada pelo exame de sangue periférico (Hemograma).  

Aplasia: parada da produção do sangue pela medula óssea.  
Biópsia de Medula Óssea: retirada de um fragmento do osso para exame microscópico com agulha especial.


Blastos: células imaturas do sangue, células jovens que em geral encontram-se na medula óssea.  

Cariótipo: exame realizado do sangue ou da medula óssea para análise dos cromossomos.  

Catéter: tubo que possibilita o acesso às veias.  

Crista ilíaca: parte do osso da bacia.   

Eritropoetina: hormônio que estimula a produção de glóbulos vermelhos (eritrócitos).  

Esplenomegalia: aumento do baço.

GVHD: doença enxerto versus hospedeiro. 
Hemograma: exame de sangue que faz a contagem dos glóbulos brancos, dos glóbulos vermelhos e das plaquetas e descreve as alterações de forma das células.

Hepatomegalia: aumento do fígado.  

HLA: exame que é realizado para determinar a compatibilidade do indivíduo.  

Leucocitose: aumento do número de glóbulos brancos detectado pelo exame de sangue periférico (Hemograma).  

Leucopenia: diminuição do número de glóbulos brancos.  

Mielograma: exame que é realizado para avaliar a produção do sangue pela medula óssea. O mielograma é realizado no osso da região do tórax, esterno ou na bacia, com anestesia local.  

Mucosite: dano das mucosas da boca e/ou do trato gastrointestinal causado por toxicidade de quinoterápicos.  
Náusea: enjoo.  

Neutrófilos: uma das células que compõem os leucócitos e é importante na defesa contra infecções bacterianas.  

Neutropenia: diminuição do número de neutrófilos, detectado pelo exame do sangue periférico.  

Pancitopenia: diminuição do número de glóbulos brancos, vermelhos e das plaquetas.  

Petéquias: pequenas manchas vermelhas que aparecem na pele decorrentes da saída do sangue do interior das veias.  

Plaquetopenia ou trombocitopenia: diminuição do número de plaquetas detectada pelo exame de sangue periférico.  

Porto-cath: sistema de longa permanência que possibilita o acesso à veias de grande calibre, implantado nos pacientes que necessitam de tratamento frequente intravenoso.  
QT ou quimioterapia: medicamentos aplicados em geral por via endovenosa e oral (pelas veias ou tomados por boca) que agem no ciclo celular impedindo que as células se multipliquem. Existem muitos quimioterápicos para cada doença, alguns mais específicos para determinada doença e outros menos. Todos têm efeitos desejáveis, que é impedir a progressão do tumor e feitos indesejáveis, que variam muito com o medicamento.  

Recidiva ou recaída: retorno da doença, que ocorre durante o tratamento ou mesmo no acompanhamento. A volta da doença pode ser detectada por exames ou por manifestações clínicas.  

Remissão Completa: termo utilizado na Hematologia para dizer que após o tratamento realizado, a doença reduziu de forma que não pode mais ser identificada por exames rotineiros.  

Remissão: desaparecimento dos sintomas, dos sinais e das alterações laboratoriais que apareceram com a doença.  

RXT ou radioterapia: tratamento realizado com auxílio de um aparelho semelhante ao Raio X, que emite radiação para o local do tumor. O tratamento é realizado em hospital, com uma programação de aplicações em dias sequenciais, variando a quantidade de dias para cada caso (em geral menos de 30 dias). A aplicação da radioterapia é rápida, o paciente entra numa sala semelhante à de raio X e é colocado na posição adequada sobre uma mesa de metal. O aparelho é ligado e por poucos minutos o paciente fica parado recebendo a irradiação.  

TMO: transplante de medula óssea  

VOD: doença veno oclusiva hepática

Fonte:

junho 06, 2012

Câncer - Detecção precoce

Postado por Jesarela de Carvalho às quarta-feira, junho 06, 2012 0 comentários
Cura é uma alternativa que, quando se fala de oncologia, depende sempre do estágio em que se encontra a doença. O momento do diagnóstico faz toda a diferença. A maior parte dos casos de câncer, quando diagnosticada precocemente, tem cura e, sem dúvida, tem asseguradas melhores condições de sobrevida, quer em termos qualitativos, quer em termos quantitativos, nas poucas situações em que isso não acontece. Ou seja, pode-se viver mais e melhor, a despeito do câncer, quando ele é detectado em tempo.

O grande complicador, entretanto, é o fato de que o câncer, geralmente, é uma doença de progressão lenta, cujos sintomas só se manifestam em momentos mais avançados, quando há maiores probabilidades de que outros órgãos já tenham sido afetados pelas metástases.


junho 04, 2012

Por que dói tanto ficar longe de quem amamos?

Postado por Jesarela de Carvalho às segunda-feira, junho 04, 2012 0 comentários
edição 199 - Agosto 2009
por Erica Westly

Ficar longe da pessoa amada incomoda. Quando a saudade é muito grande sentimos como se faltasse algo em nós. Quem já passou por isso sabe que a angústia causada pela distância do objeto de amor e desejo pode levar ao aumento da ansiedade, desencadear perturbações do sono e, em casos mais graves, deflagrar a depressão. 


Essas reações intrigaram cientistas que estão desenvolvendo pesquisas para identificar os mecanismos neuroquímicos por trás desses efeitos psicológicos. Um estudo recente trabalhou com arganazes-do-campo, roedores corpulentos de cauda curta, que foram separados de suas parceiras por quatro dias. 


Durante esse período, os animais exibiram comportamento semelhante à depressão e aumento da corticosterona, o equivalente, nesses animais, ao cortisol, o hormônio do stress em humanos. Machos que foram separados de seus irmãos não mostraram quaisquer desses sintomas, sugerindo que a resposta era relacionada, especificamente, à separação dos parceiros sexuais – e não a situações de isolamento social. 


Quando receberam uma droga que bloqueou a liberação da corticosterona, os roedores pararam de exibir o comportamento depressivo pós-separação, confirmando que os hormônios estavam na raiz do problema.

Os efeitos do afastamento dos parceiros lembram, em alguns aspectos, a abstinência de drogas. “Mesmo em um curto prazo, a separação deflagra um estado aversivo ao meio, que faz com que os arganazes-do-campo procurem seus parceiros para não perder o vínculo”, diz o neurocientista comportamental Larry Young, do Centro de Pesquisas Nacionais em Primatas da Universidade de Emory e co-autor do estudo. 



Outras pesquisas mostram que animais monogâmicos, que coabitam e se reproduzem, têm níveis aumentados de oxitocina, vasopressina e dopamina – hormônios que estimulam as ligações emocionais – em áreas do cérebro associadas à recompensa.
Em um experimento com separação de casais humanos por um período de 4 a 7 dias, a psicóloga social Lisa Diamond, da Universidade de Utah, observou sintomas leves de abstinência, como irritabilidade e perturbações do sono, aumento no nível de cortisol. Os voluntários que relataram maior ansiedade apresentaram picos nos níveis de cortisol. 


Mesmo os que apresentaram baixos índices de stress tiveram, em algum grau, níveis mais altos de cortisol e desconforto físico no período de afastamento, em comparação a quando estavam com seus pares. Esses resultados, assim como os encontrados nos estudos de Young, indicam uma ligação específica entre separação e aumento do cortisol. 


Para pesquisadores, isso significa que, no futuro, podem ser desenvolvidas drogas que bloqueiem esse hormônio e ajudem as pessoas a se desligar de um parceiro.

Estudos mostram que o laço entre pares evolui com base na ligação entre pais e filhos e a separação nos remete a sentimentos antigos de rejeição, vividos nos primórdios da infância. Embora a maioria dos adultos não se recorde, quando as figuras parentais (que eram nosso universo) se afastavam e surgia a possibilidade de perdê-las, sobrevinha uma angústia extrema, só aplacada com o reencontro – o que pode explicar porque sentimos as conexões atuais de forma tão intensa. 



As mesmas substâncias neuroquímicas – oxitocina, vasopressina e dopamina – têm sido associadas a ambos os relacionamentos. “As relações românticas adultas e os relacionamentos entre pais e filhos são fundamentalmente diferentes, mas ambas apresentam a mesma proposta funcional: criar um direcionamento psicológico para o outro, querer cuidar de alguém e resistir a separação”, explica Lisa Diamond. Seus futuros estudos sobre ligações românticas, assim como os de Young, devem focar o desenvolvimento de tratamentos para o sofrimento associado à separação do parceiro ou a perda, bem como os transtornos que envolvem déficits sociais, como esquizofrenia e autismo. - Tradução Lilian Buzzetto


Fonte:

A Ciência da Yoga

Postado por Jesarela de Carvalho às segunda-feira, junho 04, 2012 0 comentários
A prática milenar, desenvolvida há mais de três mil anos, pelos indianos, atua no sistema nervoso central, reduzindo o stress e favorecendo a cognição
por Camila Ferreira Vorkapic 

Diz o célebre texto Yoga Sutra de Patanjali que a ioga – conjunto de técnicas milenares surgidas na Índia há mais de 3 mil anos – é a supressão das instabilidades da mente. Ou seja, a paralisação voluntária das modificações mentais, os pensamentos. Nesse sentido, nada tem a ver com religião, ginástica ou terapia: ioga é uma filosofia prática. E, segundo esse sistema filosófico, não é possível atingir boa saúde física e mental sem a aquisição de estados mais profundos de concentração. Tratar a prática cientificamente requer adotar uma linha de estudo objetiva, com linguagem atualizada e cuidado de manter suas tradições e princípios originais, sem descaracterizá-los. 

O papel dos pesquisadores e da ciência em relação às técnicas é observar e descrever os fenômenos fisiológicos, verificando as formas como o organismo responde às práticas. No caso do yôga, o ciclo completo para sua realização consiste no cumprimento de oito etapas, que envolvem não só práticas e exercícios de concentração, mas também de respiração, de descontração, de purificação orgânica e gestos reflexológicos manuais. 
Algumas dessas técnicas se destacam pela notória influência no sistema nervoso central. Alguns exercícios têm efeitos neuroendócrinos e neuroquímicos e chegam a provocar alterações estruturais em áreas do cérebro, favorecendo funções cognitivas e aspectos emocionais. Nos últimos dez anos, com a incidência de transtornos de ansiedade e humor em nossa sociedade, inúmeros estudos tentam demonstrar a importante relação entre emoções e atividade do sistema nervoso autônomo (SNA).

Tornaram-se comuns, por exemplo, as crises hipertensivas por stress e principalmente alterações no sistema respiratório em consequência de mudanças nos estados emocionais. Indivíduos que sofrem de distúrbio do pânico frequentemente hiperventilam durante as crises, e um dos recursos para diminuir a velocidade respiratória é justamente a chamada “respiração diafragmática ou abdominal”, técnica extensamente utilizada no yôga. 

Tanto a ansiedade quanto o stress e a depressão envolvem a ativação do sistema nervoso simpático (SNS) e do eixo neuroendócrino hipotalâmico-hipofisário-adrenal (HPA). O hipotálamo é a estrutura responsável pela regulação de funções básicas, manutenção e sobrevivência do organismo. Por meio de mecanismos controladores das funções vegetativas e endócrinas, o hipotálamo induz respostas orgânicas às alterações no meio ambiente externo e interno, por exemplo aquelas induzidas por agentes estressores, que permitem ao organismo a adaptação para manter a homeostase (manutenção de condições estáveis para as células). 
A ativação do SNA pelo hipotálamo é responsável por alterações fisiológicas, como intensificação da frequência cardíaca, aumento do fluxo sanguíneo para os músculos, da glicemia, do metabolismo celular e da atividade mental e liberação de adrenalina, o que permite melhor desempenho físico e mental. Além de estimular o SNA, o hipotálamo (que também é responsável pelo controle de diferentes glândulas endócrinas) ativa o eixo HPA, influindo nas reações orgânicas ao stress. Em uma situação tensa, o hipotálamo sinaliza a secreção do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), também conhecido como corticotrofina, responsável pelo controle da secreção de corticoesteróides (que contêm o cortisol, hormônio do stress) pela glândula adrenal.

Além do eixo HPA, o stress ativa a divisão simpática do sistema nervoso neurovegetativo, como parte da reação de luta ou fuga. Como resultado, a noradrenalina das fibras nervosas simpáticas periféricas é liberada em diferentes tecidos, bem como a adrenalina (e também alguma noradrenalina) da medula adrenal, na corrente sanguínea. A constante ativação do SNS, do eixo HPA e a liberação de adrenalina levam a uma situação crônica de stress e depressão, que afetam a integridade do cérebro.

Em 2005, pesquisadores da Universidade de Duisburg-Essen, Alemanha, e da Universidade de Nova York, observaram em mulheres estressadas alterações positivas relevantes em consequência da prática de exercícios respiratórios (Pránayáma) e posturas (Ásana) durante três meses. Para avaliá-las, os pesquisadores utilizaram testes psicológicos como a Escala Cohen de Stress Percebido, Inventário Estado-Traço de Ansiedade (STAI), Perfil de Estados de Humor (POMS), Escala CEDS de Depressão e até níveis salivares de cortisol. 

Segundo a equipe de Gustav Dobos, coordenador da pesquisa, a prática de ioga induz uma redução imediata nos níveis de cortisol e consequentemente do stress, apontando para um efeito direto no eixo HPA. O efeito ansiolítico da prática é tão significativo que alguns pesquisadores o têm comparado à influência de medicamentos como benzodiazepínicos.
Mente Alerta

Com o objetivo de observar os efeitos calmantes da ioga e sua atuação no SNS, pesquisadores do departamento de psiquiatria do All India Institute of Medical Sciences, em Nova Déli, liderados por G. Sahasi, em 1989, compararam efeitos da ioga aos do ansiolítico diazepam. Ao fim de três meses de pesquisa, os autores descobriram que o grupo que praticou ioga tinha pontuação significativamente menor em escalas de ansiedade, reduzindo os sintomas. 

Tais resultados não foram encontrados no grupo que havia tomado o medicamento. Em outro estudo que durou nove anos, liderado pelo pesquisador N. S. Vahia, do departamento de psicologia médica da Seth G.S. Medical College e do K.E.M. Hospital em Mumbai, na Índia, em 1973, os pesquisadores observaram a eficácia de técnicas da ioga e de medicamentos ansiolíticos, separadamente, na redução da ansiedade. 

Os autores concluíram que o grupo praticante da técnica apresentou menor índice de ansiedade na escala de Taylor; em alguns casos, os efeitos da técnica foram mais eficientes na redução dos sintomas que a clordiazepóxido (ansiolítico) e a amitriptilina (antidepressivo). A meditação (Samyáma) é sem dúvida a técnica de ioga mais estudada, talvez pela influência que exerce em diferentes funções cognitivas. Meditar é refletir, divagar. 
No entanto, durante a prática, o objetivo é justamente o oposto: evitar a corrente de pensamentos, deixando que a mente foque apenas um objeto, símbolo ou mantra. Assim, durante a meditação, o esforço executado pelo cérebro para se concentrar em um único ponto torna-o ativo, ao contrário da crença comum de que a meditação nada mais é do que um estado de repouso. Ainda não se sabe ao certo o que ocorre no sistema cerebral durante a meditação, apesar de pesquisas recentes começarem a decifrar esses enigmas. Testes com eletroencefalografia vêm demonstrando que a concentração (Dhyána), uma das etapas iniciais da prática meditativa, é um processo cognitivo que requer treinamento e integração de diferentes redes neurais. 

O aumento de atividade de ondas alfa (ondas de 9 a 13 Hz, que refletem estados de relaxamento) e a redução de ondas teta (ondas de 4 a 8 Hz, que indicam tanto estado de sonolência quanto de atenção), durante a meditação, mostram que o cérebro se encontra mais orientado internamente, alerta e atento – ou mais vigilante. A equipe de Richard Davidson, da Universidade Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, investigou a atividade eletroencefalográfica de indivíduos que meditavam diariamente havia mais de 20 anos e de um grupo-controle (meditadores ocasionais). 

Os autores observaram o aparecimento de ondas cerebrais amplas, conhecidas como ondas gama (de 27 Hz em diante), somente em indivíduos que meditavam diariamente, mostrando grande concentração e aumento de atividade neuronal. Após a prática da meditação, essas ondas continuavam presentes no cérebro das pessoas, como se elas estivessem sempre muito focadas e concentradas, mesmo quando não estavam meditando. 
Em uma segunda etapa do estudo, os mesmos autores concluíram que a melhoria na concentração pode resultar em um estado mental menos ativo cognitivamente, no qual a execução de tarefas exija menos esforço cognitivo. As implicações clínicas podem favorecer indivíduos com déficit de atenção, que apresentam dificuldades em se concentrar. 

Esses processos estão relacionados a um aumento de atividade de redes de atenção dos lobos frontais anteriores, incluindo uma estrutura chamada córtex cingulado anterior (CCA), resultando em melhora crônica da atenção e da capacidade de concentração. O CCA é uma região envolvida tanto em processos de atenção quanto em processos afetivos e alterações autonômicas. O CCA e o córtex pré-frontal (CPF) modulam então respostas emocionais, provavelmente controlando a atividade neural dos componentes do sistema límbico, como a amígdala (hipoativada). 

A ativação dessas áreas cerebrais específicas durante a meditação contribui para a sensação de bem-estar e conforto. Além dos efeitos na cognição e no humor, a prática da meditação é capaz de influenciar o sistema imunológico por meio da redução de pensamentos prejudiciais, muitas vezes eliminados durante o processo. O pensamento “gerado” no CPF projeta-se para o sistema límbico, envolvido no processamento das emoções. 

Se o pensamento for prejudicial, o hipotálamo e, consequentemente, o eixo HPA são ativados, liberando uma cascata neuroendócrina que resulta na secreção do cortisol, o hormônio do stress. Se essa secreção é contínua, o sistema imune acaba se enfraquecendo. A meditação também pode atenuar sensações de desconforto. A redução dos níveis plasmáticos do ACTH (hormônio precursor do cortisol), TSH (hormônio estimulador da tireoide) e do próprio cortisol, por exemplo, aumenta a síntese de neurotransmissores como GABA (efeito inibitório da ansiedade), dopamina (envolvida no sistema de recompensa e na sensação de satisfação), serotonina (afeto positivo), endorfinas (que aumentam a síntese de glutamato no cérebro, o que estimula o hipotálamo a liberar beta-endorfinas, reduzindo medo e dor, produzindo uma sensação de bem-estar e alegria), acetilcolina (relação com o aumento nos sistemas de atenção nos lobos frontais). 

Cientistas sabem que a percepção corporal depende da ativação dos lobos parietais superiores. O hipocampo modula o nível de excitação cortical e de responsividade, por meio de conexões com o córtex pré-frontal, amígdala e hipotálamo. Essas estruturas estão implicadas na capacidade de atenção e nas emoções e são fundamentais para a percepção de imagens.
Hormônios do Stress

A ativação da amígdala direita resulta em estimulação do hipotálamo, com subsequente ativação do sistema nervoso parassimpático; que é responsável por proporcionar uma sensação de relaxamento e de profunda quietude, diminuindo a frequência cardíaca, a taxa respiratória e, consequentemente, a atividade do locus coeruleus (onde a norepinefrina é sintetizada). 

A queda na produção de norepinefrina diminuiria a estimulação do hipotálamo, reduzindo também a produção de hormônios do stress como ACTH e cortisol (eixo HPA – mecanismo citado acima). Além disso, o hormônio argenina-vasopressina (AVP), que se encontra também rebaixado durante a meditação, contribui para a manutenção de afetos positivos, reduzindo fadiga e excitação, e é significativamente importante na consolidação de novas memórias e no aprendizado.

Como pesquisas anteriores demonstraram, pelo fato de a meditação estar associada a alterações nos padrões e eletroencefalográficos de repouso, o que sugere mudanças duradouras na atividade cerebral, os cientistas começaram a desconfiar que a meditação pudesse ocasionar também alterações morfológicas em estruturas envolvidas nessa prática. 
Em 2005, a pesquisadora Sara Lazar e equipe, do Massachusetts General Hospital, Estados Unidos, comprovaram que as técnicas de meditação estão significativamente associadas ao aumento da espessura de determinadas regiões corticais (massa cinzenta) relacionadas a processos somatossensoriais, auditivos, visuais e interoceptivos e emocionais. A equipe de Lazar utilizou ressonância magnética funcional (fMRI) para identificar áreas ativadas durante uma forma simples de meditação e descobriram um aumento da atividade dos córtices pré-frontal e parietal, hipocampo, lobo temporal, córtex cingulado anterior, estriado e giros pré e pós-central. 

Os resultados das pesquisas indicaram que o exercício ativa estruturas neurais relacionadas à atenção e ao controle do sistema nervoso autônomo. Além disso, a prática regular de meditação previne ou retarda a redução cortical nas áreas pré-frontais relacionadas à idade (a mais vulnerável aos efeitos do envelhecimento), o que pode indicar o envolvimento de múltiplos mecanismos de neuroproteção. 

As evidências científicas a respeito dos efeitos positivos da ioga parecem confirmar o que já se praticava na civilização indiana há mais de 3 milênios: a meditação proporciona respostas benéficas ao corpo por meio de seus efeitos potenciais no cérebro. Evitar o turbilhão de pensamentos e acalmar a mente para que ela se torne focada e alerta, como tem sido preconizado por praticantes, são processos que a ciência começa a investigar em profundidade, ajudando a preservar e difundir essa corrente filosófica milenar.
Respiração e Ritmo influenciam estado de humor


Entre as várias técnicas do yôga, os exercícios respiratórios (Pránayáma) parecem ser os que exercem maior influência nos estados de humor, justamente pela notória relação das emoções com a respiração. A regulação respiratória depende de uma série de mecanismos involuntários, podendo ser realizada sem a interferência do controle voluntário. 

Assim, as características da respiração se ajustam de acordo com as emoções. Entretanto, é possível alterar voluntariamente seu ritmo, frequência e profundidade. As técnicas respiratórias orientam justamente esse controle voluntário, exercendo influência em mecanismos involuntários que regulam a respiração e o sistema cardiovascular, podendo modular a interação entre sistema nervoso simpático e parassimpático e, consequentemente, o eixo HPHPA. 

Esses exercícios ativam o sistema nervoso autônomo com a finalidade de inibir o sistema simpático e estimular o sistema parassimpático. Com a prática dos exercícios propostos pelo yôga, os quimiorreceptores sensíveis à elevação de CO2, localizados no centro respiratório do cérebro (no tronco cerebral), começam a responder menos a esse aumento durante a expiração, de modo que o indivíduo consegue expirar mais prolongadamente, reduzindo a frequência cardíaca. As técnicas têm como finalidade prolongar a expiração e valorizar a retenção de ar.

Esse princípio conduz a um treinamento tão forte do SNA que ocorre um aumento das variações da frequência cardíaca, mesmo quando o indivíduo não está praticando, pois o padrão respiratório involuntário é profundamente alterado. Essas pesquisas talvez expliquem por que os praticantes de ioga sejam menos propensos a desenvolver transtornos de ansiedade e de humor e respondam melhor às alterações emocionais negativas.

Fonte:
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