junho 30, 2012

Câncer - Tratamento Psico-Oncologia

Postado por Jesarela de Carvalho às sábado, junho 30, 2012
Uma doença multifatorial ou multicausal requer uma abordagem interdisciplinar. Será preciso que os olhares das diversas áreas de saber se somem e se componham para que todos os aspectos presentes no adoecer possam ser resgatados e cuidados com vistas ao tratamento e à cura.

A Psico-Oncologia identifica cada um dos componentes da doença e dispõe, em seu arsenal teórico e técnico, de meios para o manejo de cada um deles e de todo o conjunto.

A interdependência dos fatores biológicos, sociais, psicológicos e espirituais faz necessárias intervenções em cada uma das dimensões envolvidas. Não se pode tratar apenas de um órgão, porque quem está doente é um indivíduo, uma pessoa.

E esta pessoa mantém conexões internas e externas e inserções de diversas ordens. Internamente, enfrenta conflitos entre suas instâncias racionais e afetivas, debatendo-se frequentemente, entre entendimentos, desejos e medos. Com o mundo externo, enfrenta inúmeras interações familiares, profissionais, com a comunidade à qual pertence e assim por diante. E, em certa medida, cada um desses elementos se apresenta, em algum momento, como determinado ou determinante em todo o processo de tratamento e cura.
  
A mobilização e participação de todos os recursos são imprescindíveis ao sucesso das propostas terapêuticas. Serão necessários não só o envolvimento do indivíduo inteiro como o do seu contexto, da mais completa forma possível. Um tratamento só tem possibilidades de sucesso, se contar com a plena adesão de quem é tratado.

A Psico-Oncologia aprofundou e refinou técnicas de potencialização dos efeitos dos tratamentos médicos, capacitando cada doente a utilizar seus recursos mentais de maneira focal, para reforçar os efeitos dos medicamentos que recebe. Desenvolveu também recursos de apoio aos cuidadores, profissionais ou não, para que atuem como co-participantes de todo o tratamento, ao mesmo tempo em que lhes proporciona estratégias de auto cuidado e fortalecimento, visando também a manutenção de sua própria saúde física e mental.

Os múltiplos recursos que mencionamos, além de uma infinidade de outros, se concretizam em grupos informativos para pacientes e familiares, na aplicação de técnicas de redução da dor e de efeitos colaterais indesejáveis de alguns tratamentos, no manejo da ansiedade dos cuidadores – familiares ou não – que, ao se depararem com as necessidades dos pacientes, tornam-se por vezes, eles mesmos, vulneráveis e frágeis, deixando de cumprir o papel que lhes cabe.

Naquelas situações em que a perspectiva de cura se torna menos viável, profissionais que conhecem os recursos da Psico-Oncologia, têm muito a fazer.

Necessidades do paciente, freqüentemente desconsideradas ou pouco identificadas, são atendidas de modo a preservar a qualidade de vida enquanto esta existir.
  
Qualquer elemento da equipe interdisciplinar, devidamente preparado, estará apto a reconhecer e a encaminhar para atendimento especializado as manifestações de sofrimento físico, moral, social ou espiritual do paciente oncológico. E não se limitam às necessidades do paciente. Sua visão sistêmica de um processo que não é vivido de maneira isolada os faz conhecedores dos indicativos de luto complicado, por exemplo. Nesse caso, profissionais treinados atuam no sentido de promover os recursos do luto antecipatório a familiares, uma condição em que são trabalhados de forma preventiva os sintomas já instalados e identificados.

Todo esse aparato técnico, ao qual se somam os recursos da Psicoterapia Breve, os subsídios à melhor relação médico-paciente e intervenções originadas da arte-terapia, hipnose e psico-educação -dentre outras-, está respaldado em numerosas pesquisas clínicas. Estas, aumentando a compreensão dos fatores psíquicos associados à instalação da doença, desenvolvimento e resultados dos tratamentos e eficácia das técnicas de intervenção, orientam constantemente o processo de construção contínua da Psico-Oncologia.

Evidências são testadas e investigadas até que se disponha de comprovação suficiente dos resultados dos procedimentos utilizados. O controle não farmacológico da dor, pela utilização de técnicas de relaxamento, imagética e hipnose, é um exemplo de recursos que se mostram efetivos em diversas situações de difícil manejo. Outra evidência é a de que a prestação de informações coerentes, claras e adequadas ao paciente está diretamente relacionada às melhores condições de recuperação e à redução dos comportamentos ansiosos.

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