maio 30, 2012

Revista da ABRALE

Postado por Jesarela de Carvalho às quarta-feira, maio 30, 2012 0 comentários
A Revista da ABRALE nasce do conceito de que somos muito mais que a soma do corpo, mente e espírito. Trimestral, com tiragem de 20.000 exemplares, a Revista da ABRALE é distribuída gratuitamente a pacientes, familiares, profissionais da saúde e amigos da associação. Dividida nas editorias Corpo, Mente e Espírito, a proposta é levar informação integrada, de forma leve e prazerosa, sobre temas que vão desde exemplos de superação até avanços nos tratamentos. A cada edição recebemos mais elogios e pedidos de assinaturas, o que nos mostra que estamos trilhando o caminho certo!
Merula Steagall
Presidente da ABRALE

Para receber a Revista ABRALE gratuitamente basta preencher um dos cadastros abaixo e enviar para divulgacao@abrale.org.br, coloque no assunto do e-mail “Quero receber a revista ABRALE”.
Obs: Envio da revista será efetuado mediante a análise e aprovação do cadastro.

maio 29, 2012

O que é a medula óssea e como está ligada à leucemia

Postado por Jesarela de Carvalho às terça-feira, maio 29, 2012 0 comentários
1. O QUE É A MEDULA ÓSSEA E COMO ESTÁ LIGADA À LEUCEMIA?
A medula óssea é um tecido esponjoso que preenche o interior dos ossos longos, como os da bacia.
É nesse tecido que existem células progenitoras, ou seja, com capacidade para se diferenciarem e dar origem a qualquer célula do sangue periférico, as chamadas stem cell dos autores ingleses ou células progenitoras / estaminais em português. Estas células renovam-se constantemente mantendo um número relativamente constante em qualquer momento.
Existem dois processos de colheita de células para transplantação de medula:
- Colheita a partir da Medula Óssea: As células progenitoras colhidas do interior dos ossos pélvicos. Requer geralmente anestesia geral e uma breve hospitalização.
- Células de células Progenitoras Periféricas: a colheita é feita no sangue periférico, através de um processo chamado aférese, em que o dador tem de tomar previamente um medicamento que é um fator de crescimento que vai fazer aumentar a produção de células progenitoras no sangue. 
Além destes dois métodos, existe, ainda, outra fonte de células progenitoras que são as células do cordão umbilical.
Os doentes com leucemia sofrem de uma alteração ao nível da produção os glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas.
Glóbulos Vermelhos: carregam oxigênio dos pulmões para todo o corpo.
Glóbulos Brancos: combatem as infecções e protegem o teu corpo contra os agentes infecciosos.
Plaquetas: constroem novos tecidos para prevenir e parar hemorragias.

maio 27, 2012

Como posso ajudar: Doação de Sangue

Postado por Jesarela de Carvalho às domingo, maio 27, 2012 0 comentários
Relação de Hemocentros
[
Centro-Oeste
] [Nordeste] [Norte] [Sudeste] [Sul]
Centro-Oeste
Distrito Federal
HEMODF - Fundação Hemocentro de Brasília
SMHN,Quadra 3 - Conj. A Bloco 3
Setor Médico Hospitalar Norte - Brasília - DF
CEP: 70710-100
 
Goiás
HEMOGO - Hemocentro de Goiás
Avenida Anhanguera, 5195
Setor Coimbra - Goiânia - GO
CEP: 74535-010
Mato Grosso
HEMOMAT - Hemocentro do Mato Grosso
Rua 13 de Junho, 1055
Porto - Cuiabá - MT
CEP: 78005-100
 
Mato Grosso do Sul
HEMOSUL - Hemocentro do Mato Grosso do Sul
Avenida Fernando Correia da Costa, 1304
Centro - Campo Grande - MS
CEP: 70004-310
 
Nordeste Bahia
Hemocentro da Bahia
Avenida Vasco da Gama,s/n - Complexo HGE/CIC
Engenho Velho de Brotas - Salvador - BA
CEP: 40240-090
Ceará
HEMOCE / CRATO - Hemocentro do Ceará
Rua Coronel Antonio Luis, 1111
Crato - CE
CEP: 63100-000
HEMOCE / SOBRAL - Hemocentro do Ceará
Rua Jânio Quadros, s/n
Santa Casa - Sobral - CE
CEP: 62100-000
Hemocentro do Ceará
Avenida José Bastos, 3390
Rodolfo Teófil - Fortaleza - CE
CEP: 60436-160
 
Paraíba
Hemocentro de Campina Grande
Campina Grande
Hemonúcleo de Piancó
Ouro Branco
Hemonúcleo de Monteiro
Monteiro (PB)
Hemonúcleo de Picuí
Picuí (PB)
Hemonúcleo de Patos
Patos (PB)
Hemonúcleo de Itaporanga
Itaporanga (PB)
Hemonúcleo de Cajazeiras
Cajazeiras (PB)
Hemonúcleo de Guarabira
Guarabira (PB)
Hemonúcleo de Catolé do Rocha
Catolé do Rocha PB
Hemonúcleo de Princesa Isabel
Princesa Isabel
Hemonúcleo de Sousa
Sousa (PB)  
HEMOIBA - Hemocentro da Paraíba
Avenida Dom Pedro II, 1119
João Pessoa - PB
CEP: 58040-013
Pernambuco
Hemocentro de Pernambuco
Avenida Rui Barbosa, 375
Graças - Recife - PE
CEP: 52011-000
 
Alagoas
HEMOAL - Hemocentro de Alagoas
Avenida Dr. Jorge de Lima, 58
Trapiche da Barra - Maceió - AL
CEP: 57010-300
 
Maranhão
HEMOMAR - Hemocentro do Maranhão
Rua 5 de Janeiro, s/n
Jordoa - São Luís - MA
CEP: 65040-450
 
Sergipe
HEMOSE - Hemocentro de Segipe
Avenida Avenida Presidente Tancredo Neves, s/n
América / Novo Paraíso - Aracaju - SE
CEP: 49080-470
 
Norte Acre
HEMOACRE - Centro de Hematologia e Hemoterapia do Acre
Avenida Getúlio Vargas, 2787
Via Ivonete - Rio Branco - AC
CEP: 69914-500
 
Amapá
HEMOAP - Hemocentro do Amapá
Avenida Raimundo Alvares da Costa, s/n
Laguinho / Jesus de Nazaré - Macapá - AP
CEP: 68908-170
 
Amazonas
HEMOAM - Hemocentro do Amazonas
Av. Constantino Nery, 4397
CEP: 69050-002
Chapada - Manaus - AM
Fone: 92-3655-0100/ 0166/ 0800-285-0220
Fax: 3656-2066
Site:
www.hemoam.org.br
 
Pará
HEMOPA - Hemocentro do Pará
Travessa Pe. Eutíquio, 2109
Batista Campos - Belém - PA
CEP: 66033-000
Rondônia
HEMERON - Centro dHemoterapia e Hematologia de Rondônia
Avenida Circular II, s/n
Bairro Industrial (Ao lado do Hospital de Base) - Porto Velho - RO
CEP: 78900-970
 
Roraima
HEMORAIMA - Hemocentro de Roraima
Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, s/n
Novo Planalto - Boa Vista - RR
CEP: 69301-380
 
Tocantins
HEMOTO - Hemocentro de Tocantins
Praça Dos Girassois, s/n
Palmas - TO
CEP: 77003-902
Sudeste
Minas Gerais
Fundação HEMOMINAS
Alameda Ezequiel Dias, 321
Santa Efigênia - Belo Horizonte - MG
CEP: 30130-110  


Rio de Janeiro
HEMORIO - Hemocentro do Rio de Janeiro
Rua Frei Caneca, 8 - sala: 310
Centro - Rio de Janeiro - RJ
CEP: 20211-030
São Paulo
ASCS - Hospital Santa Clara (Hemocentro)
Alameda Paulista,200 - 1º andar/Bloco C
São Paulo - SP
CEP: 01310-010
Banco de Sangue da Santa Casa
Rua Marques de Itu, 579
V. Buarque - São Paulo - SP
CEP: 01223-001
Banco de Sangue de São Paulo
Avenida Dr. Cardoso de Melo, 1340 - CJ. 141/42
Vila Olimpia - São Paulo - SP
CEP: 04842-005
Banco de Sangue do Hospital Albert Einstein
Avenida Albert Einstein, 627 - 4º andar
Morumbi - São Paulo - SP
CEP: 05651-901
Banco de Sangue do Hospital Cruz Azul
Avenida Lins de Vasconcelos, 356
Cambuci - Cidade: São Paulo - SP
CEP: 01538-000
Banco de Sangue do Hospital do Coração
Rua Desembargador Eliseu Guilherme, 123
Paraíso - São Paulo - SP
CEP: 04004-030
Banco de Sangue do Hospital Panamericano
Rua Vitorino de Carvalho, 78
Alto de Pinheiros - São Paulo - SP
CEP: 05447-140
Banco de Sangue do Hospital Paulistano
Rua Martiniano de Carvalho, 741
Bela Vista - São Paulo - SP
CEP: 01321-001
Banco de Sangue do Hospital Samaritano
Rua Cons. Brotero, 1468 - 4º andar
Santa Cecília - São Paulo - SP
CEP: 01232-910
Banco de Sangue do Hospital Santa Marcelina
Rua Santa Marcelina, 177 - 2º andar
Vila Carmosina - São Paulo - SP
CEP: 08270-010
Banco de Sangue do Hospital Sorocabana
Rua Faustolo, 1633
Bairro: Lapa - São Paulo - SP
CEP: 05041-001
Banco de Sangue Inter Hospital Pari
Rua Hannemann, 263
Canindé - São Paulo - SP
CEP: 03031-040
Banco de Sangue Real Benemérita Sociedade Portuguesa de São Paulo
Rua Maestro Cardim, 769 - 1º andar/Bloco 1
Liberdade - São Paulo - SP
CEP: 01323-001
Centro de Hematologia de São Paulo
Avenida Brigadeiro Luis Antonio, 2533
Jardim Paulista - São Paulo – SP
CEP: 01401-000
HEMOCAMP - Hemocentro da UNICAMP
Cidade Universitária Prof. Zeferino Vaz, s/n
Campus UNICAMP - Campinas - SP
CEP: 13081-970
Hemocentro de Botucatu
Rua Costa Leite, 1010
Centro (Ao lado da Santa Casa de Misericórdia) - Botucatu - SP
Tel.: (14) 6824.8004
E-mail:
hemocentro@fmb.unesp.br
Hemocentro de Ribeirão Preto
Rua Tenente Catão Roxo, 2501
Ribeirão Preto - SP
CEP: 14051-140
Hemocentro de São Paulo - Fundação Pró-Sangue - Hospital das Clínicas (Prédio dos Ambulatórios)
Avenida Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 155 - 1º andar
Pinheiros - São Paulo - SP
CEP: 05403-000
Hospital Dom Silvério Gomes Pimenta (Hemocentro)
Alameda Voluntários da Pátria, 3693 - 1º andar
Santana - São Paulo - SP
CEP: 02401-300
Instituto Bandeirante de Hemoterapia
Avenida Cons. Rodrigues Alves, 325
Vila Mariana - São Paulo - SP
CEP: 04014-011
HEMOES - Hemocentro do Espírito Santo
Avenida Marechal Campos, 1468
Maruipe - Vitória - ES
CEP: 29001-730 

  
Sul
Paraná
HEMEPAR - Hemocentro do Paraná
Travessa João Prosdócimo, 145
Centro - Curitiba - PR
CEP: 80060-220
 
Santa Catarina
Hemocentro de Santa Catarina
Avenida Othon Gama D'eca, 756 - Pça. Dom Pedro I
Centro - Florianópolis - SC
CEP: 88015-240
 
Rio Grande do Sul
Hemocentro de Caxias do Sul
Rua Ernesto Alves, 2260
Lurdes / São Pelegrino - Caxias do Sul - RS
CEP: 95020-360
Tel.: (54) 214.2223
 
HEMORGS - Hemocentro do Rio Grande do Sul
Avenida Bento Gonçalves, 3722
Partenon - Porto Alegre - RS
CEP: 90650-001
Tel.: (51) 336.6755

maio 26, 2012

Como me tornar um doador de medula óssea?

Postado por Jesarela de Carvalho às sábado, maio 26, 2012 0 comentários
Tudo seria muito simples e fácil, se não fosse o problema da compatibilidade entre as medulas do doador e do receptor. Para a realização de um transplante de medula óssea é necessário que a compatibilidade entre o doador e receptor seja 100%. A chance de encontrar uma medula compatível no registro brasileiro é em média 1:100.000! 

Mais de 60% dos pacientes não possuem doadores na família e quando não há um doador aparentado a solução para o transplante é fazer a busca deste doador compatível entre os grupos étnicos representados na população (brancos/caucasianos, mulatos, cafuzos, índios, negros, orientais) cadastrada no banco de doadores de medula óssea. As chances de acharmos um doador não aparentado dependem do grau de miscigenação dos indivíduos na população. 

Portanto, quanto maior o número de representantes brasileiros cadastrados no banco, maiores serão as chances dos pacientes que aguardam seus doadores compatíveis!Cadastre-se como um doador voluntário, esses pacientes dependem de nossa solidariedade!
PROCEDIMENTOS NECESSÁRIOS PARA SE CADASTRAR COMO DOADOR VOLUNTÁRIO DE MEDULA ÓSSEA:
  • Você precisa ter entre 18 e 55 anos e estar em bom estado de saúde;
  • Procure na sua cidade um hemocentro ou hemonúcleo autorizado e CADASTRE-SE !(Veja os endereços de onde se cadastrar como doador voluntário no Brasil, clicando aqui!)
  • O CADASTRO consiste no preenchimento de uma ficha de identificação e na COLETA de um simples exame de sangue para o teste de compatibilidade (tipagem HLA);
  • Seus dados e sua tipagem HLA serão cadastrados no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME);
  • Quando aparecer um paciente com a medula compatível com a sua, você será chamado;
  • Novos testes sanguíneos serão necessários para a confirmação da compatibilidade;
  • Se a compatibilidade for confirmada, você será consultado para decidir a doação;
  • Seu atual estado de saúde será então avaliado.
Assista ao vídeo institucional da AMEO:
Para se cadastrar na cidade de São Paulo compareça ao:
-Hemocentro da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
Rua Marquês de Itu, 579 – Vila Buarque – São Paulo-SP
Segunda à Sexta das 7:00h as 18:00h e aos sábados 7:00h as 15:00h.
Não é necessário agendar! 
Informações no telefone: (11) 2176-7000 ramal :7249  

ATENÇÃO: Ao se inscrever no REDOME, você não doará a medula de imediato. A amostra de sangue serve somente para identificar sua genética. Apenas quando surgir um paciente compatível, você será chamado para a realização de novos exames.

Obs.: Quando houver mudança de telefone ou endereço, é necessário comunicar a alteração, pois essa atitude facilitará sua localização em caso de compatibilidade com algum paciente. 

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) é o responsável pelo REDOME - Registro de Doadores de Medula Óssea. O registro brasileiro foi criado em 1993 e centraliza todas as informações( nome, endereço, telefones para contato e resultados de exames) de pessoas que se dispõem a doar a medula óssea para pacientes que não possuem doadores na família. Quando um paciente necessita de transplante, esse cadastro é consultado. Se for encontrado um doador compatível, ele será convidado a fazer a doação. 

Para o doador, a doação será apenas um incômodo passageiro. Para o doente, será a diferença entre a vida e a morte. A doação de medula óssea é um gesto de solidariedade e de amor ao próximo!

maio 25, 2012

LIDANDO COM A MORTE

Postado por Jesarela de Carvalho às sexta-feira, maio 25, 2012 0 comentários
A missão tradicional do médico é aliviar o sofrimento humano; se puder curar, cura; se não puder curar, alivia; se não puder aliviar, consola. 

Ao pensar na morte, seja a simples ideia da própria morte ou a expectativa mais do que certa de morrer um dia, seja a ideia estimulada pela morte de um ente querido ou mesmo de alguém desconhecido, o ser humano maduro normalmente é tomado por sentimentos e reflexões.

As pessoas que se regozijam em dizer que não pensam na morte, normalmente têm uma relação mais sofrível ainda com esse assunto, tão sofrível que nem se permitem pensar a respeito.

Esses pensamentos, ou melhor, os sentimentos determinados por esses pensamentos variam muito entre as diferentes pessoas, também variam muito entre diferentes momentos de uma mesma pessoa. Podem ser sentimentos confusos e dolorosos, serenos e plácidos, raivosos e rancorosos, racionais e lógicos, e assim por diante.
Enfim, são sentimentos das mais variadas tonalidades. 
Isso tudo pode significar que a morte, em si, pode representar algo totalmente diferente entre as diferentes pessoas, e totalmente diferente em diferentes épocas da vida de uma mesma pessoa. 

O Eu diante da Morte 

De um modo geral, descontando as defesas das reflexões zen, das meditações transcendentais e de toda sorte de subterfúgios do medo e do temor do nada, a ideia da morte nos remete aos sentimentos de perda, portanto, em tese, nos desperta sentimentos dolorosos. Trata-se de uma espécie de dor psíquica, a qual muitas vezes acaba também gerando dores físicas, ou criando uma dinâmica incompreensível para quem a vida continua sorrindo.

Poderíamos dizer que na Depressão, o tema morte está mais presente, seja o medo dela, seja a vontade de que ela aconteça casualmente ou, mais grave, sob a forma de ideação suicida. De qualquer forma, pensa-se na morte e, como não poderia deixar de ser, acompanha sentimentos dolorosos. Essa é uma dor psíquica, naturalmente movida por sentimentos de tristeza, de finitude, de medo, de abandono, de fragilidade e insegurança.

Na espécie humana a dor psíquica diante da morte pode ser considerada fisiológica, mas sua duração, intensidade e resolução vão depender, muito provavelmente, de como a pessoa experimentou a vida. Diz um ditado: “teme mais a morte quem mais temeu a vida”.
Durante a fase de enfrentamento da morte, o paciente é estimulado a profundas reflexões sobre a própria vida; se lhe foi satisfatória sua trajetória de vida, se houve algum desenvolvimento emocional, se pode criar vínculos afetivos fortes e permanentes, se ele pode auxiliar a outros seres humanos. Orientado psicologicamente (cognitivamente) poderá ser possível que, apesar de doloroso, esse momento possa ter um importante e saudável balanço emocional. 

Os 5 Estágios da Dor da Morte 

A reação psíquica determinada pela experiência com a morte foi descrita por Elisabeth Kubler-Ross como tendo cinco estágios (Berkowitz, 2001): 

Primeiro Estágio: negação e isolamento 

A Negação e o Isolamento são mecanismos de defesas temporários do Ego contra a dor psíquica diante da morte. A intensidade e duração desses mecanismos de defesa dependem de como a própria pessoa que sofre e as outras pessoas ao seu redor são capazes de lidar com essa dor. Em geral, a Negação e o Isolamento não persistem por muito tempo. 

Segundo Estágio: raiva

Por causa da raiva, que surge devido à impossibilidade do Ego manter a Negação e o Isolamento, os relacionamentos se tornam problemáticos e todo o ambiente é hostilizado pela revolta de quem sabe que vai morrer. Junto com a raiva, também surgem sentimentos de revolta, inveja e ressentimento.

Nessa fase, a dor psíquica do enfrentamento da morte se manifesta por atitudes agressivas e de revolta; - porque comigo? A revolta pode assumir proporções quase paranoides; “com tanta gente ruim pra morrer porque eu, eu que sempre fiz o bem, sempre trabalhei e fui honesto”...
Transformar a dor psíquica em agressão é, mais ou menos, o que acontece em crianças com depressão. É importante, nesse estágio, haver compreensão dos demais sobre a angústia transformada em raiva na pessoa que sente interrompidas suas atividades de vida pela doença ou pela morte. 

Terceiro Estágio: barganha

Havendo deixado de lado a Negação e o Isolamento, “percebendo” que a raiva também não resolveu, a pessoa entra no terceiro estágio; a barganha. A maioria dessas barganhas é feita com Deus e, normalmente, mantidas em segredo.

Como dificilmente a pessoa tem alguma coisa a oferecer a Deus, além de sua vida, e como Este parece estar tomando-a, quer a pessoa queira ou não, as barganhas assumem mais as características de súplicas.

A pessoa implora que Deus aceite sua “oferta” em troca da vida, como por exemplo, sua promessa de uma vida dedicada à igreja, aos pobres, à caridade... Na realidade, a barganha é uma tentativa de adiamento. Nessa fase o paciente se mantém sereno, reflexivo e dócil (não se pode barganhar com Deus, ao mesmo tempo em que se hostiliza pessoas).  
Quarto Estágio: depressão

A Depressão aparece quando o paciente toma consciência de sua debilidade física, quando já não consegue negar suas condições de doente, quando as perspectivas da morte são claramente sentidas. Evidentemente, trata-se de uma atitude evolutiva; negar não adiantou, agredir e se revoltar também não, fazer barganhas não resolveu. Surge então um sentimento de grande perda. É o sofrimento e a dor psíquica de quem percebe a realidade nua e crua, como ela é realmente, é a consciência plena de que nascemos e morremos sozinhos. Aqui a depressão assume um quadro clínico mais típico e característico; desânimo, desinteresse, apatia, tristeza, choro, etc. 

Quinto Estágio: aceitação

Nesse estágio o paciente já não experimenta o desespero e nem nega sua realidade. Esse é um momento de repouso e serenidade antes da longa viagem.

É claro que interessa, à psiquiatria e à medicina melhorar a qualidade da morte (como sempre tentou fazer em relação à qualidade da vida), que o paciente alcance esse estágio de aceitação em paz, com dignidade e bem estar emocional. Assim ocorrendo, o processo até a morte pôde ser experimentado em clima de serenidade por parte do paciente e, pelo lado dos que ficam, de conforto, compreensão e colaboração para com o paciente. 

A Medicina Paliativa 

Paliativo é a qualidade de aliviar, e é o que mais interessa à pessoa que sofre, portanto, quando se fala Medicina Paliativa não se pretende, de forma alguma, atribuir um sentido pejorativo, minimizado ou frugal ao termo. Devemos ter cuidado quando alguém diz... “esse medicamento é APENAS um paliativo”, com intenção clara em atribuir alguma conotação pejorativa.
No Brasil a Medicina Paliativa ainda caminha a passos lentos mas, no Reino Unido, onde tudo começou, somando-se com a Austrália, USA e Canadá, existem mais de 6.000 centros de Medicina Paliativa, sendo considerada uma especialidade médica e de grande notoriedade.

No Brasil, a atuação da Medicina Paliativa, iniciada em 1983 pela Dra. Míriam Martelete no Hospital das Clinicas de Porto Alegre, é ainda praticamente desconhecida pelos médicos brasileiros. Os Cuidados Paliativos são tipos especiais de cuidados destinados a proporcionar bem estar, conforto e suporte aos pacientes e seus familiares nas fases finais de uma enfermidade terminal.

Assim, a Medicina Paliativa procura conseguir que os pacientes desfrutem os dias que lhes restam de forma mais consciente possível, livres da dor e com seus sintomas sob controle. Isso tudo é pretendido para que esses pacientes possam viver seus últimos dias com dignidade, em sua casa ou em algum lugar mais parecido possível, rodeados de pessoas que lhes queiram bem. Na realidade, esse tipo de cuidado pode ser realizado em qualquer local onde o paciente se encontra, seja em sua casa, no hospital, em asilos ou instituições semelhantes, etc..

Paliativo é um tipo de cuidado médico e multiprofissional aos pacientes cuja doença não responde aos tratamentos curativos. Para a Medicina Paliativa é primordial o controle da dor, de outros sintomas igualmente sofríveis e, até, dos problemas sociais, psicológicos e espirituais. Os Cuidados Paliativos são interdisciplinares e se ocupam do paciente, da família e do entorno social do paciente.

Os Cuidados Paliativos não prolongam a vida, nem tampouco aceleram a morte. Eles somente tentam estar presentes e oferecer conhecimentos médicos e psicológicos suficientes para o suporte físico, emocional e espiritual durante a fase terminal e de agonia do paciente, bem como melhorar a maneira de sua família e amigos lidarem com essa questão.
Essa área médica objetiva o alívio, a preparação e, consequentemente a melhoria das condições de vida dos pacientes com doenças progressivas e irreversíveis como, por exemplo, crônico-degenerativas, incapacitantes e fatais. Atualmente diz respeito mais aos pacientes com câncer, AIDS, pneumopatias, degenerações neuromotoras, doenças metabólicas, congênitas, doença de Alzeheimer, doença de Parkinson, etc., bem como os politraumatizados com lesões irreversíveis.

Uma das maiores dificuldades para a Medicina Paliativa ter desenvoltura próxima à de outras especialidades, pode ser o preconceito universal existente em relação às condutas terminais, mais precisamente, em relação à morte. 

A qualidade da Vida e da Morte 

Na formação do médico, bem como na formação das especialidades, a morte costuma ser abolida do rol de preocupações clínicas. Dificilmente os médicos perguntam, na anamnese, se o paciente tem medo de morrer, pensa em morrer, pensa em suicídio, ou coisas assim. Aliás, nem sequer é perguntado se o paciente está triste, nem sequer como ele ESTÁ... E isso se deve, provavelmente, à total falta de conhecimento sobre o que fazer com a resposta do paciente.

Quanto mais avança o conhecimento médico em todos os campos (farmacologia; terapêutica, anestesia, cirurgia, transplantes de órgãos, fertilização humana, genética, imunologia, medicina nuclear, recursos diagnósticos, etc...), quanto mais se desenvolvem tecnologias aplicadas à medicina, mais o médico se distancia da morte.

Os protocolos de procedimentos médicos, as normas administrativas da medicina e os rígidos manuais de conduta acabaram por institucionalizar a morte. É comum vermos em livros-texto uma perfeita descrição de determinado quadro clínico, reconhecidamente irreversível e com desfecho fatal, mas nada se fala dos cuidados finais, da atenção familiar e afetiva que o paciente deveria receber nesse momento. Não, fala-se muito em deixá-lo nos centros de terapia intensiva.
É objetivo da Medicina Paliativa é a preocupação com a desinstitucionalização da morte, dando ao paciente a possibilidade de escolher permanecer em casa durante sua agonia. A discussão que pretendemos alimentar é, sobretudo, um protesto contra as condições de vida impostas pela medicina moderna aos doentes terminais, subtraindo deles as opções de um morrer menos sofrível. Pensamos que, intervir no paciente terminal em centros de terapia intensiva, quando não objetiva exclusivamente minimizar sofrimentos, pode refletir sentimento de onipotência da medicina sobre a vida, sobre a vida física, como se ela fosse considerada o bem supremo e absoluto, acima da liberdade e da dignidade.

O amor pela vida, quando a toma como um fim em si mesma, se transforma em um culto pela vida. A medicina que se preocupa insensivelmente com as “condições vitais”, deixando de lado as “qualidades vitais”, promove implicitamente esse culto idólatra à vida.

Nessas circunstâncias a medicina interfere na fase terminal como se travasse uma luta a todo custo contra a morte e não, como seria preferível, numa luta em defesa do paciente. A maneira de morrer, portanto, não pode ser excluída, absolutamente, do projeto de vida da pessoa. A maneira de morrer também é uma forma de humanizar a vida no seu ocaso, devolvendo-lhe a dignidade perdida. 

O Paciente Terminal 

O grande desenvolvimento da Medicina nas últimas décadas do século XX, assim como as melhorias inegáveis nas condições de vida, elevaram a expectativa de vida de 34 anos, no começo do século XX, até quase 80 anos no começo do século XXI.

Consequente ao aumento da perspectiva de vida e ao envelhecimento progressivo das populações, nas últimas décadas está havendo um aumento gradual na prevalência de algumas doenças crônicas e invalidantes.

Os avanços conseguidos no tratamento específico do câncer têm permitido um aumento significativo da sobrevivência e da qualidade de vida desses pacientes. Mesmo assim, estima-se atualmente que 25% das mortes sejam devidas ao câncer.
 
Por outro lado, sem nenhuma relação com o envelhecimento da população, a AIDS grassou tenazmente em nossa sociedade, demandando fortes medidas sanitárias. Aqui também, apesar dos avanços nessa área, continua grande o número anual de pacientes terminais produzidos por essa doença.

O estado mórbido que chamamos de Doença Terminal se caracteriza por algumas situações clínicas precisamente definidas, as quais se podem relacionar da seguinte forma:
1. Presencia de uma doença em fase avançada, progressiva e incurável.
2. Falta de possibilidades razoáveis de resposta ao tratamento específico.
3. Presença de numerosos problemas ou sintomas intensos, múltiplos, multifatoriais e alternantes.
4. Grande impacto emocional (no paciente e familiares) relacionado à presença ou possibilidade incontestável da morte.
5. Prognóstico de vida inferior a 6 meses.
Os Pacientes Terminais apresentam peculiaridades próprias que o profissional médico deve conhecer. O controle dos sintomas do estado terminal deve ser abordado não só do ponto de vista farmacológico, senão também, do ponto de vista psicológico, social, familiar, espiritual, etc.

Nesses pacientes os sintomas costumam ser devidos a diversos fatores. Podem ser decorrentes da própria doença que levou ao estado terminal, podem ser devidos aos tratamentos médicos fortemente agressivos à saúde, da debilidade física geral ou de causas totalmente alheias à doença grave, entre elas, do estado emocional do paciente.

Seja qual for a origem dos sintomas e do quadro geral que o paciente apresenta, é necessário explicar, da melhor forma possível, sobre o que está ocorrendo e sobre as possíveis questões que possam estar preocupando. Também a família deve estar sempre bem informada, especialmente quando os cuidados estiverem a cargo dela (Sánchez, 2000). 
A Família na visão Paliativa 

De modo geral, exceto as infelizes exceções, o familiar representa mais do que a simples presença de alguém promovendo cuidados ao paciente. O familiar representa alguém que, independente das possibilidades terapêuticas, pode compreender e realizar com carinho difíceis tarefas como, por exemplo, dar banho, às vezes no leito, dar a medicação nas doses e horários certos, preparar e dar uma alimentação adequada, fazer curativos, etc.

É claro que os profissionais contratados para essas tarefas poderão fazê-las melhor, tecnicamente, mas importa muito a maneira e o carinho com que são realizadas. Havendo a qualidade afetiva dos cuidados, outros cuidadores, além da família podem ser envolvidos no Tratamento Paliativo.

Um dos propósitos da Medicina Paliativa é orientar a família para que ela seja um bom suporte de auxílio ao paciente terminal, priorizando sempre as condições necessárias para manter o paciente em casa onde, seguramente, terá uma qualidade de vida melhor. Em casa ele estará cercado de carinho e atenção, o que pode minimizar o seu medo de morrer.

Para a desejável participação familiar plena devem ser identificados, dentro da dinâmica familiar, os eventuais pontos de conflitos, anteriores e posteriores ao diagnóstico da doença.

Antigamente o paciente em fase terminal morria em sua própria casa, lentamente, onde tinha tempo para despedir-se e passar seus últimos momentos com seus familiares. Nossa cultura científica e objetiva por excelência, muitas vezes acaba por deixar pessoas morrerem sozinhas, na assepsia fria dos hospitais e experimentando, como último sentimento, um dos medos mais primitivos do ser humano: a solidão.

Com o desenvolvimento científico morrer tornou-se solitário e desumano. Geralmente o doente, cognominado Doente 620-C ou doente do Box 3-B, é confinado ao seu leito onde aguarda a morte chegar, estando as pessoas seriamente preocupadas com o funcionamento de seus pulmões, secreções, pressão venosa central, traçado eletrocardiográfico, etc.
Diante do paciente terminal, quando a medicina já sabe que a doença venceu a guerra, não cabe mais ao médico a tentativa de cura, muitas vezes extremamente sofrível e estéril, mas assistir, servir, confortar e cuidar. Se pretendermos ajudar alguém nessa fase, seja terapeuticamente, medicamente ou humanamente, deveremos nos informar e nos preparar para lidar com a morte.

Mas sempre tem alguém que já sabe sobre a morte, não precisa saber mais nada, como é comum dizerem sobre qualquer tema da psicologia e da psiquiatria. Ora, todos também sabemos correr. O problema é que, se não treinarmos e aperfeiçoarmos a arte de correr, jamais faremos alguma coisa meritosa com nossa maneira, digamos, “natural” de correr. Portanto, vamos falar da morte para ajudar pessoas que morrem...

Segundo o paradigma cartesiano, segundo ainda os dicionários objetivos, a morte se constitui o oposto da vida. Por isso, torna-se um fenômeno aterrorizante, repulsivo e desconhecido para nossa espécie, que exulta instintivamente a vida. Dor e medo são os sentimentos básicos predominantes nesta relação com a morte.

Mas a morte é um processo biológico natural e necessário. Falar que a morte é o contrário da vida não é correto. A morte é uma condição indispensável à sobrevivência da espécie e, através dela a vida se alimenta e se renova. Desta maneira a morte não seria a negação da vida e sim um artifício da natureza para tornar possível a manutenção da vida.

A sociedade ocidental, basicamente, rejeita a morte procurando constantemente vencê-la e para isso se baseia no seu desenvolvimento científico. A tentativa de vencer ou, no mínimo, contornar a morte é pretendida com certo sucesso pela medicina moderna.

Tomando por base a aspiração natural do ser humano para a vida, considerando ainda que o maior desejo do ser humano é a imortalidade, na maioria das vezes a morte é considerada uma inimiga.
O sonho da permanência eterna ou, no mínimo, muitíssima prolongada, ganhou um importante aliado com os avanços da medicina, com o aumento da expectativa de vida, com a possibilidade de haver cura para todas as doenças, mesmo o câncer ou a Aids.

Enfim, a ciência médica com seus progressos para a melhoria da vida, com seus avanços científico-tecnológicos, com a indiscutível eficiência dos diagnósticos, dos medicamentos, das técnicas cirúrgicas, etc., não tem tido tempo de falar da morte. Não a ciência médica, mas os médicos, embevecidos pelo sucesso na promoção da vida, acabam achando um despropósito dedicar-se a cuidar da morte, único evento decididamente atrelado à vida.

Não se sabe bem porque mas, apesar do sucesso da ciência em prolongar a vida útil do ser humano, em manter jovem por mais tempo as pessoas, em atrasar o envelhecimento, em fazer viver mais de 100 anos, enfim, apesar de todos esses fatores de valorização da vida e da conquista da beleza e jovialidade duradouras, a ideia da morte continua assombrando ainda mais.

Poderíamos perguntar, hipoteticamente, ao ser humano: - “depois de todas essas conquistas da ciência para aumentar o tempo e a qualidade da existência humana, você está satisfeito?” Certamente a resposta é não. E é graças a esse inconformismo com a finitude que o ser humano promove, cada vez mais, sua permanência entre os vivos. Talvez todo esse avanço tenha servido para estimular maior apego ainda à vida.

Enfim, tudo o que possa lembrar a morte, seja a doença grave, a velhice, a decrepitude e até a própria idade é escamoteado. Para a ocultação ser completa, o próprio doente que vai morrer, morre no hospital, longe dos olhos (e do coração). Também os rituais de luto são cada vez mais rápidos e pragmáticos, digamos, mais empresariais e mais clean.

Como se não bastasse o verdadeiro pânico do ser humano diante da morte, ainda somos educados com a personificação da morte representada por um esqueleto coberto com uma capa preta e carregando uma foice afiada na mão, pronta para degolar quem quer que se aproxime. Dificilmente as pessoas entenderão que a morte possa apenas representar uma vida que chegou naturalmente ao fim, uma existência que simplesmente expirou.
A duração máxima da vida humana atualmente é de, aproximadamente, 120 anos. Alguns centros científicos dedicados à pesquisa da longevidade trabalham com uma expectativa de levar a vida humana até os 400 anos.

Hoje se acredita que o processo de envelhecimento, que culmina com a morte, não se dá aleatoriamente, simplesmente como consequência natural da degeneração, mas como um processo ativo e geneticamente programado. Este programa estaria impresso nos cromossomos, ou seja, nossas células se regenerariam um número geneticamente definido de vezes, depois do qual morreriam. 

O que podemos fazer 

A dificuldade do ser humano em geral e, particularmente, do profissional de saúde em lidar com a morte pode ser trabalhada e melhorada, com isso, pode melhorar qualidade de vida de todos envolvidos na questão; do próprio paciente, dos familiares, do médico e de toda equipe.

Inicialmente, é claro, o maior investimento deve ser dirigido ao paciente, deve pretender melhorar o conforto e a qualidade de vida de quem agoniza mas, em seguida, como “a morte é para quem fica”, os familiares e os próprios profissionais envolvidos com o morrer cotidiano, devem ser acudidos.

O ser humano, normalmente, recebe alguma preparação antes mesmo de vir ao mundo; o bebê, de uma forma ou de outra, uns mais outros menos, tem sua chegada preparada. Aí então, a criança é preparada para ficar maiorzinha, para entrar na pré-escola, para entrar na escola. Preparam-se, uns mais outros menos, para a adolescência e, na família ou fora dela, para ser jovem, depois adulto. O adulto é preparado, pela própria vida, uns mais outros menos, para a velhice. Mas, raramente alguém é preparado para a morte.

Por isso, primeiramente, o profissional de saúde deve preparar-se para lidar com a morte ele próprio, quando esta pode ser uma ocorrência comum no ambiente de trabalho. Além disso, para poder ajudar os outros, deverá conhecer e estudar a Tanatologia; conhecer a reação psicológica da perda de algo (pessoa, situação etc.), saber identificar o luto normal e o patológico e entender como crianças, adolescentes, adultos e velhos reagem à morte e às perdas da vida. (veja os. 5 estágios da morte)
Notamos a falta de preparo das equipes de saúde quando existe, no ambiente hospitalar, um temor pela morte como se tratasse de um forte potencial de “contágio”. Esse aspecto temerário e despreparado explica a solidão e a frieza das unidades de terapia intensiva, onde, muitas vezes, os doentes terminais morrem sem a chance de dizer uma última palavra aos que amam e sem estes lhes ofereçam qualquer conforto emocional.

Para a formação do médico uteísta, preocupa-se muito em treiná-lo para passar um intracat, a interpretar uma gasometria, um eletrocardiograma ou um exame de fundo-de-olho. Estes são, sem dúvida, requisitos indispensáveis para salvar vidas. Mas, quando tudo isso não for suficiente e o paciente insiste em não reagir, o médico versado nas urgências e emergências não costuma saber mais o que fazer; não sabe segurar a mão agonizante, falar palavras de apoio, conforto e carinho.

É claro que, sendo assim, morrer no hospital é muito mais sofrível, dá muito medo. A quase ausência total de auxílio emocional (espiritual) para aqueles que vão morrer não pode ser justificado pelo apego acadêmico à ciência, pois o cuidado afetivo e espiritual é um direito essencial de todo ser humano. Não é, de forma alguma incompatível, que se ensine técnicas da medicina moderna aos jovens médicos que se formam, simultaneamente aos preceitos milenares do humanismo caridoso e fraterno. 

Aprendendo a Morte para ajudar melhor 

Embora muitas pessoas que lidam com pacientes terminais insistam em fazer de conta que não sabem, mas a maioria dos pacientes em estado terminal procura falar sobre a angústia da morte, a maioria deles quer ser ouvida, quer ser confortada, quer encontrar na humanidade algum apoio que, muitas vezes, nunca teve durante seus anos de saúde.

Ler, saber e se preparar para tratar desse tema pode melhorar o atendimento às pessoas terminais, pode melhorar os sentimentos do próprio profissional que lida com isso.

Como o conceito puramente biológico, mecânico e materialista da morte nos dá angústia e a sensação incômoda de finitude, o ser humano tende a analisar a morte filosoficamente, criando aspectos que transcendem aqueles puramente biológicos. E, filosoficamente, a morte é vista de maneira diferente segundo diferentes grupos sociais e de acordo com diferentes aspectos religiosos, éticos e culturais.
Tanto a filosofia, quanto as BOAS religiões podem ser úteis na hora da morte. Evidentemente as seitas que submetem o futuro morto a uma espécie de vestibular para o céu não contribuem em nada, pelo contrário. No budismo, assim como na tradição cristã, o desapego material é uma condição essencial para uma morte mais serena e sem grande angústia.

Portanto, para viver momentos terminais sem o terror, temor e tormento da ideia do fim e da perda, é necessário cultivar um certo desapego em relação à vida, é necessário ter a consciência de que na morte, não podemos levar nada conosco; nem os bens, nem os amigos, nem os diplomas, nem o sucesso. Deixar de ser para essas coisas significa, obrigatoriamente, que essas coisas também deixam de ser para quem vai morrer.

A consciência da finitude humana, particularmente, a consciência de sua própria finitude por parte de quem vai morrer, melhora a vida e estimula um redimensionamento dos valores. A atitude psicoterápica (que não é monopólio dos psicoterapeutas) pode ajudar nessa fase de revalorização da vida, pode ajudar a despertar valores que tornam o viver, ainda que breve, mais pleno e sereno.

O simples fato de estar vivo habilita o sujeito às leis da existência, as quais determinam o seu próprio término. Alivia, portanto, aceitar a transitoriedade da vida e da condição de existência humana. E essa regra se aplica a todos; ao paciente, ao médico, ao presidente da república e à todos os bilhões de pessoas desse nosso planeta. Convém ter sempre em mente que ninguém pode mudar o fato de que um dia vai acabar, mas podemos mudar o modo de nos relacionarmos com esse fato.

O exercício espiritual, conduzido, promovido e assistido pelo médico, pelo religioso, familiar, amigo ou qualquer pessoa disposta a isso, facilita a aceitação gradual da morte como consequência da própria vida.

O perfil e a sensibilidade afetiva de cada um, bem como o conjunto das experiências vividas, tem papel importante na lida com a morte. O fenótipo, que é a somatória dos genes da personalidade com a influência do destino sobre eles, pode tanto potencializar o medo da morte quanto ajudar a conviver melhor com a consciência da finitude.
Psicodinamicamente, o empenho do terapeuta está em desfazer, na medida exata, o culto ao ego que há dentro de cada um de nós. Esse culto ao ego é que faz com que a pessoa acredite e aceite a morte dos bilhões de seres humanos do mundo, menos a sua própria. Para ele não existe o curso natural dos acontecimentos biológicos a que todos seres viventes estão sujeitos. É o culto ao ego que faz o indivíduo se colocar sempre acima do todo a que pertence.

Ao não conseguir se colocar na intimidade do todo, do comum, do normal, esse ego sofre exagerada e desnecessariamente para aceitar a parte que lhe cabe. Na vida, quanto mais a pessoa pretende se destacar dos demais (independente do mérito ou demérito disso, que não vem ao caso agora), mais ela sofre com a ausência de solidariedade e com o isolamento que a morte impõe, obrigatoriamente. As pessoas não costumam ser solidárias o suficiente para morrer juntas com as outras.

A filosofia pode favorecer maneiras de lidar melhor com a morte. Sócrates, antes de morrer, condenado que foi a tomar um veneno letal, deixou um bom estímulo à reflexão: “Porque morrer é uma ou outra destas duas coisas. Ou o morto não tem absolutamente nenhuma existência, nenhuma consciência do que quer que seja. Ou, como se diz, a morte é precisamente uma mudança de existência e uma migração para a alma, deste lugar para outro”.

Isso quer dizer que as duas maneiras de considerar o problema podem ser satisfatórias; para quem não acredita na continuação da vida, a morte é o nada, é a ausência completa de angústias e desesperos, portanto, ao contrário do sofrimento, é o fim das aflições. E, para quem acredita na continuação da vida, a morte é a passagem desta existência para outra melhor. De qualquer forma, a dor estaria na vida e não na morte.

Ao terapeuta terminal cabe escolher a melhor situação ideológica que atende à pessoa terminal. Preferentemente, devido à sensibilidade natural das pessoas e às influências culturais, o apelo religioso deve ser considerado em primeiro lugar.
Independente da crença religiosa, a maioria das doutrinas ajuda a superar a angústia em relação à ideia de finitude, ajuda a encontrar respostas sobre por que se vive, por que se morre e o que acontece após a morte. Excetuando as crenças de teor punitivo, que normalmente atendem mais a aspiração de vingança do ser humano rancoroso do que uma sólida base teológica, a maioria das doutrinas conforta e consola diante da morte.

A maioria das religiões supõe uma outra vida que se segue à morte, existiria então uma continuidade da mente, da alma, do espírito, enfim, haveria a continuidade de alguma coisa que convalida a pessoa e a vida atuais. A visão espiritual da morte implica viver em função dessa continuidade, a qual, além de nos tornar mais responsáveis pelas consequências dos nossos atos, sugere a noção de desapego às coisas que deixamos com a morte.

Não havendo possibilidade religiosa para confortar diante da morte existe a visão materialista, em oposição à visão espiritualista. Para a visão materialista dos filósofos iluministas do século XVIII, a morte é o fim total e absoluto, é nada mais do que a interrupção de um processo neurofisiológico, um mero evento biológico. Mas esse enfoque vem desde Epicuro.

Segundo ele, a morte se caracterizaria pela ausência de sensações, pois, o morto não sente. Seguindo esse raciocínio, não deve ser boa nem ruim a morte, uma vez que só há bom e ruim na sensação, e a morte é ausência de sensação.

De fato, as sensações representam a porta de entrada de nossa consciência, a qual nos dará a noção de nosso sujeito (nosso corpo) e de nosso objeto (do mundo ao qual contactamos pelas sensações). Como a morte é ausência das sensações, e estas representam a fonte de todo o prazer e de toda dor, não pode haver nada de bom nem de ruim, nem prazer nem dor, depois da morte.
O comportamento humano, maniqueísta, sugeria que podíamos viver, agir e aproveitar os prazeres da vida sem temer nenhuma punição depois, sem temer a morte, porque a morte não é nada para quem está vivo, pois, quando existimos a morte não existe e, quando a morte está presente, deixamos de existir.

No entanto, apesar do discurso materialista sobre a morte apelar fortemente para a razão, se esforçando em deixar a emoção de lado, no ser humano normal o medo de morrer pode gerar um apego muito forte aos elementos do cotidiano, um desespero diante da possibilidade perder tudo o que colecionou durante a vida com a morte. Outra contribuição ao medo da morte, além dessa noção materialista de perder tudo, é a cultura ocidental com sua obsessão pela ideia do ser jovem como metáfora de vida saudável. 

A Cultura e o Medo da Morte 

Nossa cultura repudia com tanta veemência a possibilidade, mais que natural, de um envelhecimento saudável, que se tornou um discurso politicamente correto dizer “sento-me bem, como se tivesse vinte anos”. Para o ocidente o envelhecimento é visto sempre como decrepitude, como falência orgânica, e a morte é vista sempre como o ápice dessa degeneração.

Culturalmente, vários valores (?) contribuem para a negação da morte, seja o culto à eterna juventude, a acumulação de bens, a busca da imortalidade ou o apego materialista, tudo isso acaba fazendo com que a morte não seja aceitável de forma alguma.

O marketing profissional objetiva criar falsas necessidades, e tão mais meritoso será, quanto mais conseguir tornar obrigatórias coisas que são, de fato, facultativas. O resultado é uma sociedade inquieta e atormentada pela necessidade de ter. Com esse materialismo dominante, com esse consumismo capaz de monopolizar o ideal humano, ficam irremediavelmente prejudicadas as iniciativas para o autoconhecimento, primeira lição para aceitarmos com serenidade que um dia deixaremos de existir.

O ser humano moderno, fruto de nossa sociedade consumista, gasta todo seu tempo de vida procurando ter e gozar do que tem, chegando ao momento da morte totalmente despreparado.

Pensar na morte de maneira serena e calma não é uma questão de morbidez, masoquismo, ideação suicida, falta de vontade de viver, porque é bom deixar de existir ou algo assim. Na realidade, trata-se da conscientização de que ela vai acontecer de qualquer forma e com todos que andaram, andam ou venham a andar sobre a Terra. É a adaptação para com algo que vai acontecer, queiramos ou não, uma hora ou outra.
 
Ballone GJ - Lidando com a Morte - in. PsiqWeb Psiquiatria Geral, Internet, 2002 - disponível em http://sites.uol.com.br/gballone/voce/postrauma.html

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